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Bibliotecas Cool

Observar - Ler - Sentir - Ouvir - Refletir

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15.Jan.21

Ser Escritor é Cool - Resultados do 2º Desafio | Ensino Secundário

 

Os vencedores do 2º Desafio do Ensino Secundário do concurso de escrita "Ser Escritor é Cool" já foram encontrados. Relembramos quo o tema deste desafio era "Não tenho nada para fazer! E agora?"

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Dos 9 trabalhos a concurso, houve 195 votos do público e inúmeras partilhas, leitura dos textos, audições dos podcasts e visualizações dos vídeos a concurso.

 

Os vencedores deste 2º desafio foram:

1º LUGAR - Inês Franco – Agrupamento de Escolas de Constância

2º LUGAR - Cristina Cargaleiro – Agrupamento de Escolas de Bonfim

3º LUGAR - Ana Fernandes e Margarida Soares – Agrupamento de Escolas de Constância

 

Face à qualidade dos trabalhos, o júri atribuiu, ainda, duas MENÇÕES HONROSAS a:

Laura Galvão – Agrupamento de Escolas de Mora

José Aniceto – Agrupamento de Escolas de Mora

 

Para que possa voltar a ler os textos dos Escritores Cool vencedores deste 2º desafio, aqui ficam os trabalhos.

1º LUGAR - Inês Franco – Agrupamento de Escolas de Constância

Pensamentos de um ser infeliz

Tenho uma vaga noção de que se passaram alguns meses desde que a aquela rapariga e aquele rapaz me leram. Penso neles todos os dias, pois sendo eu um livro, não tenho mais nada a fazer; mas também porque me marcaram imenso. Penso neles, pois imagino o que estes fazem nos seus tempos livres. Será que correm sem rumo? Cantam sem medo do amanhã? Ou escrevem sem pensar no que as pessoas vão dizer quando lerem a obra que criaram?

Não imaginam o quanto gostava de ser humano para ter umas pernas para correr sem rumo, uma voz para cantar, para expressar aquilo que sinto ou até mesmo para gritar ao mundo o quão infeliz sou por ser apenas um livro, um livro que tem sentimentos, mas não os consegue expressar; um livro que na sua imaginação tem pernas para correr, uma voz para gritar mas, acima de tudo, tem alguém para o ouvir, alguém que o entende, alguém que se preocupa com ele. Será que estou a ser muito sentimentalista, ou até mesmo dramático? Não sei, talvez sim. Porém, sinto que sou muitas vezes invejoso, ciumento ou até mesmo que desejo algo que não é meu, e sabem do que estou a falar? Estou a referir-me à liberdade dos humanos, da qual muitos não sabem usufruir. Estão sempre a queixar-se que não têm nada que fazer. A meu ver, não sabem usar a sua imaginação, muito menos todos os atributos que têm. Com um mundo tão grande, cheio de coisas a aproveitar, estes “humanos” (pois não sei se os posso considerar humanos ao não aproveitarem a sua liberdade como os seus antepassados faziam) dizem que não têm nada para fazer. Quem me dera ser eu humano, com umas pernas para correr, uma voz para cantar, para falar e para gritar, com uns braços para abraçar, umas mãos para sentir, uns olhos para poder ver, um nariz para poder cheirar... Mas, acima de tudo, adorava ser humano para ter alguém a meu lado. Alguém que pensasse como eu. Alguém que tivesse uma imaginação tão grande que nunca pensasse, ou dissesse, e nem sentisse que não tem nada que fazer. Alguém com quem partilhar as minhas aventuras por este mundo... Mas sou apenas um livro, um livro numa estante de uma velha biblioteca onde ninguém se atreve a entrar; um livro com sentimentos, mas sem os conseguir expressar.

Com este pequeno desabafo termino a dizer a esses “humanos” que aproveitem a vida, que aproveitem o mundo, que aproveitem os seus atributos e até as suas qualidades, e que, acima de tudo, aproveitem as pessoas que têm ao vosso lado. Nunca limitem a vossa imaginação ou deixem de aproveitar a vossa vida por causa de outros. É a vossa vida, por isso vivam-na como se não houvesse amanhã pois há seres que não têm a mesma sorte que vocês.

 

2º LUGAR - Cristina Cargaleiro – Agrupamento de Escolas de Bonfim

Não tenho nada para fazer! E agora?

Que idade é preciso ter para mudar o mundo? Que escolaridade? É possível transformar a realidade em que vivo sem conhecer aquelas que me rodeiam? É correto fazê-lo? Uma vez, duas pessoas muito sábias ensinaram-me, além de quase tudo o que hoje sei sobre a vida, que já estamos a deixar a nossa marca no mundo, simplesmente por existirmos enquanto fragmento dele. Mas será que é possível transformar inconscientemente o mundo, tendo consciência disso? Os mesmos sábios de há pouco (sim, são os meus pais) dizem que sim, se guiarmos o olhar para as direções certas. Daqui surge então a pergunta «E como descubro que direções são essas?». «Não sei, querida». (Foi até aqui que a vossa sapiência me conseguiu levar…Mesmo assim, foi mais longe do que com as outras pessoas).

Desde pequenina, que os meus pais sempre me encorajaram a sonhar em grande para o futuro e melhorar o mundo. Tinham sempre grandes ideias e ideias alternativas. E novas alternativas para o caso de as alternativas anteriores fracassarem. Aliás, acho que nunca ouvi ninguém da minha família dizer «Não tenho nada para fazer! E agora?» Aqui, esse pensamento não existe. Na pior das hipóteses, visita-nos um «Sei o que quero, não tenho meios para o alcançar! Como posso essa situação contornar?»

Arrastada do conforto da minha casa para o mundo exterior, vários adultos responderam aos meus projetos acerca d’ «O Meu Mundo Ideal do Futuro» que ainda não tinha idade para me cansar a matutar sobre isso. E crianças também! Agora já não sou uma criança mas ainda hoje por vezes ouço esse mesmo aviso.

António Gedeão e Manuel Freire cantaram «o sonho comanda a vida/ E que sempre que um homem sonha/ o mundo pula e avança», porque sem «sonho» não temos «vida» e sem «vida» o que é que neste mundo fazemos? Sempre tive algo para fazer, nem que fosse apenas sonhar. Não sei por quais caminhos a vida no futuro me decidirá levar, mas, pelo menos, sou eu quem a está a guiar, no sentido de o mundo melhorar.

Quero este texto dedicar a todas as pessoas que tenham um sonho para as comandar.

 

3º LUGAR - Ana Fernandes e Margarida Soares – Agrupamento de Escolas de Constância

Amor à primeira vista

Já aborrecida de estar em casa sozinha e sem fazer nada num dia de verão, a Beatriz disse pensativa:

- Não tenho nada para fazer! E agora? Será que a minha irmã quer ir comigo à praia?

A rapariga decide então ir até ao quarto da irmã para lhe fazer o convite.

- Carminho, queres ir comigo à praia?

- Sim, deixa-me só vestir e vamos já.

Já na praia, as irmãs resolveram ir dar um mergulho. Estava tudo a correr bem até ao momento em que a Beatriz teve uma cãibra muscular e, ao ficar muito aflita por não se conseguir mexer, quase se afogou. A Carminho, ao ver a irmã em aflição, entrou em pânico e gritou por socorro. O nadador salvador, ao aperceber-se da situação, correu parasocorrê-la. Quando a salvou e a olhou nos olhos, sentiu o coração a acelerar, sentiu as famosas “borboletas na barriga” e, de tão nervoso que estava, e por nunca ter sentido tal coisa, não sabia o que dizer.

- Obrigada por me salvares a vida. Fico a dever-te um favor.- agradeceu Beatriz.

- Olá. O meu nome é João Maria e não tens de agradecer. Mas já que dizes isso e que tal se hoje à noite viesses aqui ter comigo para bebermos um café?

- Em primeiro lugar chamo-me Beatriz e, sim, aceito... Ás nove aqui. - respondeu Beatriz corada.

Em casa, nervosa com o seu encontro, a Beatriz arranja-se para sair.

- O que achaste dele? – questionou a irmã curiosa.

- Não sei bem o que acho, nem o que estou a sentir. Tenho de admitir que lhe achei piada, mas não sei nada sobre ele...

- Cá para mim, estás apaixonada.

- Não quero falar disso! Vou-me embora para não me atrasar.

Ao chegar ao bar da praia, Beatriz repara que o João Maria já se encontra à sua espera. O café prolongou-se pela noite fora, uma vez que ambos estavam entretidos e divertidos a falar e a conhecerem-se. Estavam a gostar um do outro.

Num momento de cumplicidade debaixo da luz das estrelas, o rapaz encheu-se de coragem, beijou a Beatriz e aproveitou o momento para lhe dizer tudo o que sentia por ela desde aquele momento em que a salvara. Como o sentimento era recíproco e ela uma rapariga romântica que acreditava em contos de fada e finais felizes, ganhou coragem e pediu-o em namoro.

Uma semana depois, calhou em conversa a rapariga dizer que gostava de ler e escrever, até acabou por lhe contar o acontecimento do livro abandonado com a sua amiga Penélope.

- Que coincidência! Eu também adoro escrever e, modéstia à parte, até tenho algum jeito. – disse João Maria com ar envaidecido.

- Que bom! Já que a nossa história de amor é fora do comum, o que achas de escrevermos um livro sobre a nossa história de amor para deixarmos para as gerações futuras?

- Podemos passar a ideia de que até nos nossos piores momentos podemos conhecer a nossa cara metade.

Até agora os dois vivem felizes juntos como num conto de fadas e continuam a escrever mais capítulos do seu livro.

 

Consulte os trabalhos a que foram atribuídas as Menções Honrosas em:

2º Desafio "Ser Escritor é Cool" | Conheça os trabalhos e vote nos seus favoritos (ensino secundário)