Divulgamos os primeiros trabalhos pontuados. Parabéns a todos.
Ensino Secundário
AE de Ponte de Sor
Ana Filipe e Mariana Andrade
AE de Ponte de Sor
Bernardo Correia
"As palavras hão-de vir
“Vagões no vácuo que vagueiam vagamente.”
Perscrutei a janela do quarto e aquilo que vi esbateu-se com a minha procrastinação habitual. Habituei-me a estes dias monótonos, pois de ambições pouco tenho, ou se as tinha, já deixei de as ter. Talvez ambicione vaguear no vácuo, com ou sem vagões; vagamente. Envolvo-me na translucidez da janela do quarto: número quatro, é onde morava, ou onde costumava morar. Agora isso deixa de ter importância. Agora isso pouco importa.
Então toca-me. Desperta-me. Adormece. Jamais pensei que fizesse o que pudesse. Atira-me à parede e pensa. Pensa no que fizeste. Sou o teu porto lúgubre e derramado, alguma vez acabado? Adormece. Desperta-me. Toca-me. Já são duas e o mal aguça o sentido carnal que me consome interiormente... ah, de mentir sei eu! Menos do mais, mais do mesmo!
Bombeio o despido sarcasmo por entre arvoredos despidos, tais ramas se fingem artérias... em vulto (avulso). Pastando serena(mente) e apressadamente, o dito asno, fulo, dita o ditado que lhe dita a sentença: “Menos do mais. Mais do mesmo”, e talvez o dito asno seja eu. É palpável! Palpita, palpita-te, palpita-me. Sou o superficial à mera superfície; Maleável. Seja fácil a minha sede de palpar. Saúde e, amiúde, sem razão de ser. Gostava de ser eu, com a razão de ser: (M)eu. Entonteces-me. De pés firmes, desisto e cedo à tua inércia. Sou (T)eu.
Já são três: Escrita no escuro. As nuances visuais não passam de extensões lineares. Lá fora ouço a chuva, enquanto um balde debalde debate-se com o seu peso. Já nem os pés sinto. Minto, dizendo que o amor existe. Ah, de mentir sabia eu! Mais do menos. Mais do mesmo!
Inconstante, vejo-me de relance. Ó parasita esquisito, sai de minha mente! Elevo-me na constelação poética, hoje? Serei demente! Prefiro isso ao mourejar da minha menstruação... Sede! Sinto sede. Penso sede. Tudo à minha volta sacia-me! Alicia-me! Sou tão fácil, Lira! Soube de minha morte, mas terei vivido vida... vivida?
Desvaneço, mas ainda mexo... desvaneço, mas ainda me mexo... Imóvel. Imóvel, sinto- me a flutuar, tal valsa me condena. Um dois Três, um dois Três... Imune à paralisia retrógrada, deixo a dança por acabar; ilesa. Um dois Três, um dois Três... Um dois três, um dois... Perco a conta do compasso. Tropeço. Afogo-me nas minhas mágoas. Sádico. E a dança termina: Toca-me. Desperta-me. Adormece.
Divulgamos os primeiros trabalhos pontuados. Parabéns a todos.
3º ciclo
AE de Ponte Sor
Benedita, Constança, Eva e Raquel
AE nº3 de Elvas
Carlota Brinquete
Teresa Pinto Lucas
AE José Régio, Portalegre
Bernardo Renga
"A menina e o caminho dourado
Era uma vez, uma menina que gostava muito, mas muito de passear. Certo dia, num dos seus passeios, encontrou uma moeda dourada e, no caminho que seguia, havia muitas mais. A menina como não sabia o que fazer; tentou apanhar as moedas, mas as moedas evaporavam-se. Ela pensou que no final do caminho haveria um tesouro... Então, no meio do caminho, encontrou uma fada que lhe disse para não continuar a seguir as moedas. No final do caminho, deparou-se com uma gruta e decidiu entrar. Lá no fundo da gruta, ela viu um urso e tentou fugir, mas voltou para trás ao perceber que o urso falava. O urso explicou-lhe que ele não fazia mal e que tinha o poder de fazer ilusões. Explicou-lhe, também, que o seu poder servia para fazer as pessoas serem suas amigas. A menina perguntou, então, porque é que ele usava moedas douradas para chamar a atenção e o urso respondeu: - Sabes, é que hoje em dia as pessoas só se interessam por riqueza, mas depois, quando percebem que é uma ilusão, afastam-se de mim. Ficaram amigos. A menina contou a todos os seus amigos que o urso só queria ter amigos. Juntaram-se e tiveram a ideia de ir à gruta do urso para uma tarde de muita diversão."
Oiça o texto na voz do autor:
AE nº2 de Abrantes
Beatriz Grácio
"A minha melhor amiga
À minha frente, mora a minha melhor amiga. Mesmo que não falemos cara a cara, há uns seis meses, continuamos a ter uma ligação especial, e ainda falamos, mas frente a frente é que não o podemos fazer. Os nossos pais zangaram-se, há uns anos, e a minha mãe diz que ela é uma má influência para mim, que é igual ao pai, que eu não me devo relacionar com ela…
Como a minha mãe não me deixa falar com a Raquel, nós tivemos de arranjar uma maneira para comunicar. Atámos uma corda, da janela do meu quarto ao dela, e é por lá que mandamos cartas uma outra, fazendo um furinho no envelope e enfiando lá o cordel; depois, é só deixar que a carta deslize e chegue ao outro quarto. Até agora, nenhum dos nossos pais descobriu. Eles andam sempre tão apressados que ainda nem repararam na corda…
A Raquel é lindíssima! Tem olhos verdes, cabelos loiros e compridos. Os lábios avermelhados e carnudos sorriem sempre que nos vemos à janela, o que só acontece de madrugada, quando os nossos pais já estão a dormir… "
Sugere-se alguma mediação, por parte dos professores.
Os textos, com a devida identificação dos alunos e das escolas, deverão ser enviados por e-mail para o seguinte endereço: bibescolaresalentejopt@gmail.com
A data de entrega é 5 de fevereiro de 2020.
Para divulgação de todas as atividades referentes a este concurso, nas diferentes redes sociais, deverão usar a hashtag#serescritorcool.